Rosas do passado
(Anne Lieri)
Para
Sueli não havia melhor diversão que o trabalho.
Mesmo
nos finais de semana gostava de ficar no seu cantinho, um espaço da casa que
reservara para criar seus modelos de vestidos e lingeries.
Apenas
uma mesa ampla e uma arara com algumas de suas criações era tudo que precisava.
De
costas para a janela de onde se via o jardim de sua casa, Sueli tinha claridade
e sossego suficientes.
As
amigas diziam que ela se escondia da vida após separar-se do marido, no meio
dos tecidos e costuras, mas não era assim que Sueli se sentia. Estava se
recuperando de uma queda e curando as feridas.
Acomodou-se
em sua mesa e começou a pesquisar entre seus diversos álbuns de fotos e
recortes, as estampas e texturas que usaria na coleção de verão.
Sua
tranquilidade pouco durou, pois a campainha soou, estridente e inconveniente: -Quem será a esta hora? Mal amanheceu... - pensou.
Correu
abrir a porta e não acreditou em seus olhos: era Paulo, seu ex-marido!
Ficou
parado com um punhado de rosas na mão, olhando-a fixamente.
Ela demorou a expressar alguma reação, mas abriu espaço, num gesto que indicava que ele podia entrar.
Ela demorou a expressar alguma reação, mas abriu espaço, num gesto que indicava que ele podia entrar.
Paulo
estendeu as flores e disse:
-
Trouxe pra você, Sue. Quero conversar.
Ele
sabia que ela se derretia diante de um maço de rosas, mas dessa vez seria
diferente, ela decidiu.
-
Não tenho nada mais pra falar com você.
-
Por favor, Sue. Só dessa vez, me escute! Eu mudei, me arrependi.
Ela
deu um sorrisinho irônico e acrescentou:
-
Sem essa, Paulo! Você se arrependeu? Duvido! Fomos casados durante dezesseis
anos e sempre fez gato e sapato dos meus sentimentos... Agora, acabou!
-
Eu me arrependi, juro! Percebi que não existe uma mulher melhor que você no
mundo!
-
E o que aconteceu pra você chegar a essa conclusão? Levou um pé na bunda de uma
de suas namoradas?
Pela
fisionomia dele, Sueli percebeu que dera um tiro certo.
-
Vamos voltar! Prometo que serei outro homem. Não vou beber, nem sair com outras
mulheres, vai querer ter um filho como você sempre quis...
Ela
não aguentava mais aquela conversa e tratou de encerrar o assunto:
-
Paulo, eu não quero mais. Cansei de explicar meus motivos, mas não acredito
mais em você...
Um
pesado silencio caiu sobre eles e ela completou:
-
Não acredito mais na gente. Vai embora, por favor!
Abriu
a porta e ficou esperando que ele saísse, o que relutantemente ele fez.
Ela
respirou fundo e fechou a porta. O passado queria deixar onde estava.
Pegou
as flores e voltou ao trabalho, jogando-as na mesa, displicentemente.
Ali
as rosas permaneceram como sinal do passado que ficara para trás.
Essa é minha participação na BC da Irene.
Clique em seu nome e participe também!
14 comentários:
Adoro ver como tua imaginação voa! Lindo, lindo!Adorei! beijos,chica
Amei.Linda participação, como sempre.
Muito imaginação ,ou que aliais é normal numa ótima escritora como você.bJS
Amei.Linda participação, como sempre.
Muito imaginação ,ou que aliais é normal numa ótima escritora como você.bJS
olá, querida Anne
Deu um enredo completo à imagem que foi uma lição de vida com o conteúdo em si... Legal!!!
Bjs festivos de paz e bem
olá, querida Anne
Deu um enredo completo à imagem que foi uma lição de vida com o conteúdo em si... Legal!!!
Bjs festivos de paz e bem
O Ex-marido até podia estar falando verdade mas...
"Gato escaldado de àgua fria tem medo".
Será? Penso que não, o sentimento havia morrido no cicratizar das feridas.
Abraço.
Ela precisou ser firme para deixar o passado ao fechar a porta...mas foi uma decisão necessária para abrir caminho novamente para a felicidade. Um abraço!
Boa noite, Anne. Parabéns.
Triste ver como uma relação chega ao fim, quando não cremos mais no nosso parceiro.
Lamentável ler isso, sempre dói.
Arrependimento tem de ser sincero, uma vez dito, jamais pode o arrependido incorrer no erro.
Beijo grande e fique na paz!
Ela fez muito bem! Mulher vai aguentando, aguentando... e qdo diz não, geralmente é não mesmo!
E homem é assim mesmo, vai aprontando, aprontando...até levar um pé na bunda e se fazer de vítima!
Anne, excelente sua participação!
Beijos
QUE LINDO CONTO ANNE. QUANDO O AMOR ACABA PRECISAMOS SER FIRMES NA DECISÃO E A SUELI FOI SÁBIA. BELA PARTICIPAÇÃO.
UM DOMINGO MARAVILHOSO PRA TI
BEIJOS E CARINHOS
GRACITA
Anne!
Que conto mais inspirado, verdadeira lição de vida... obrigada!
Fiquei muito feliz em receber sua visita no blog e vim aqui agradecer, muito obrigada! Volte sempre que puder, aguardarei!
Um final de semana esplendoroso!
Paz, amor e muita luz!
cheirinhos
Rudy
BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Um ótimo conto com desfecho muito bem colocado na reconstrução proposta.
bjs
Belíssima história e parabéns a Sueli por ter resistido firme e tomado a decisão certa!
Adoreiii!
Bom descanso e boa semana!
Beijinhos
Gostei da atitude de Suely, Anne
É difícil perdoar quando a pessoa amada nos machuca, né?
Linda inspiração
Um beijinho carinhoso de
Verena e Bichinhos
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