UM ESPÍRITO ACABOU MEU CASAMENTO
( Anne Lieri)
Foi numa linda tarde de verão que conheci
Henrique.
Um homem bonito, viúvo há três anos e pai
de duas belas meninas.
Não demoramos muito para engatar um namoro,
visto que eu também estava sozinha depois do divórcio.
Ele era uma pessoa tranquila, reservada, um
pouco ciumento mas de bom caráter.
Com menos de dois anos já estávamos morando
juntos, mas tudo começou quando me mudei para a casa dele.
Era uma casa antiga, herdada de seus avós,
mas bem conservada.
O terreno grande ao redor de uma construção
fortificada com três quartos, sala ampla, copa,cozinha e banheiro.
Ao entrar na casa senti um calafrio.
Me arrepiei dos pés a cabeça e, pensando
ser o vento de outono,fechei as janelas.
Henrique sorriu dizendo que “eu era muito
friorenta” e ao sair da sala, uma das janelas escancarou-se sozinha, o que só
me fez ficar mais arrepiada.
Corri fechá-la novamente e olhei em volta
verificando que não havia ninguém no jardim.
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Tratei de colocar a casa do meu jeito:
clareando-a com novas cortinas bem leves, trocando o estofamento dos sofás, os
quadros, alegrando o quarto das meninas com nova pintura e organizando a
cozinha para ficar mais funcional.
Todos os dias varria ao redor da casa, pois
o quintal era imenso e as folhas das árvores caiam sempre.
Plantei algumas novas mudas e fiz uma
pequena horta de temperos que sempre gostei de ter por perto.
Havia porém, uma porta que entravava e eu
não conseguia abrir: o porão.
Henrique dizia para eu não mexer, que ali
só haviam velharias sem importância, mas uma mulher nunca iria deixar prá lá
nenhum cantinho de sua casa nova.
Chamei um chaveiro que logo resolveu meu
problema, abrindo a porta do porão deixando entrever uma névoa de poeira.
Henrique estava trabalhando e as meninas na
escola.
Assim que o rapaz da chave se foi, coloquei
minha roupa de faxina, peguei todos os apetrechos necessários e entrei no
porão.
A luz ainda funcionava, de modo que a
acendi e comecei a tirar todas as tralhas que encontrava e organizando-as num
lado.
Era uma antiga máquina de escrever, um
gramofone, um velho baú e alguns quadros com fotos dos avós de Henrique e um
que me fez estremecer: uma linda moça de uns vinte e poucos anos,linda, morena,
com um vestido decotado e segurando uma rosa vermelha.
Sem dúvida, se tratava da ex mulher de
Henrique.
Por alguns instantes, fiquei em transe,
observando a pintura.
Senti meu corpo formigar e perdi o controle
dos meus movimentos, indo até o baú e abrindo-o encontrei o mesmo vestido que
ela usava na foto.
Estava amarelado, mas não me importei.
Eu o vesti, automáticamente.
Sai para o jardim e ainda fora de mim caminhei
pelo jardim, cuidando especialmente do canteiro de rosas vermelhas.
Não sei por quanto tempo caminhei.
Ao entrar no porão me sentei em frente a
velha máquina de escrever, que ainda funcionava e datilografei uma longa carta
sem saber o que estava escrevendo.
Quando terminei, voltei a mim e me
surpreendi ao ver o vestido que usava e a carta que acabara de datilografar.
O que li me deixou apavorada, pois tinha
uma vaga lembrança de que fora eu que escrevera aquilo, mas ao mesmo tempo, não
era eu mas uma outra pessoa.
A revelação que ali estava me deixou pasma!
Meu marido havia matado a própria esposa num
acesso de ciumes!
Foi quando ouvi o som do carro de Henrique
que chegara.
Sem hesitar, subi e fui ao encontro dele
que, surpreso, não compreendeu porque eu estava com aquela roupa.
_ O que aconteceu? Por que está com esse
vestido?
_ Henrique, o fantasma da tua ex esteve
comigo esta tarde e ela me revelou tudo que você fez a ela: está nesta carta.
Entreguei a ele o papel que atônito ele lia, sem acreditar.
Me encaminhei para o canteiro de rosas e
disse:
_ Vou chamar a polícia para desenterrar o
corpo...
E foi assim que um espírito acabou meu casamento!
Esta é minha participação na 114* edição conto/história do Projeto Bloinques com o tema:
O fantasma da tua ex.
12 comentários:
Gostei.
Beijos!
Excelente participação! Uma história que realmente sucede repetidas vezes! Bjs e bom fim de semana.
Sensacional, fantástica tua participação! Que encontro,heim? Credo! Bota revelação nisso! Só podia acabar!!!rs beijos,chica e já ganhou! Já ganhou!!!
Um encontro forte,,,momentos tensos e frios,,,um cenário perfeito ao suspense,,,beijos de bom final de semana.
Teve sorte de não morrer junto! Deveria ter disfarçado e chamado a polícia escondida. Pensei que ia rolar uma perseguição no final.
Mas gostei! :D
Beijão.
Anne muito boa a leitura fiquei presa ate o fim amei beijos minha querida!Bom fim de semana!
Anne,
Tudo bem, minha querida? mais uma vez você nos agracia com um conto maravilhoso que prendeu o meu olhar até a última palavra. Gostei da temática e o final foi revelador, pois achava que o fantasma estava com ciúme,o que seria normal.
Então, bom final de semana com toda benção do mundo.
Lu
Oi Anne!
Surpreendente sua história! Ela estava dormindo com o inimigo e graças a curiosidade que nos é peculiar descobriu tudo, ainda bem.rss
Beijinhos e um lindo fds!
Oi Anne!
Gostei demais...seu conto daria um filme,menina!
Bjssssss,
leninha
Muito bom , gostei muito. Beijos!
Anne minha poetisa querida,
Agora que estou com minha casa em ordem, estou de volta.
Demorei para chegar, mas cheguei!!!....rsrsrssss.
Cheguei, e encontro esta Maravilha de conto que me arrepiou toda!
Minha querida, és muito inspirada....que dom Divinal, não me canso de falar!!!
Um grande beijo carinhoso em seu coração!!!
Lú
Se a Globo te descobre, vira um seriado, amiga!!!
beijoooo!
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