O nariz

O NARIZ

( Anne Lieri)

Ele odiava o seu nariz!

Era uma mistura de tucano e tamanduá.

Seu nariz era insolente, metido e sempre chegava na frente.

Se ele pudesse seria invisível, mas com aquele nariz todos o viam sempre aonde quer que fosse!

O pior foi que se apaixonou por uma vendedora de sapatos.

Passava em frente a sua loja no mínimo quatro vezes ao dia.

Ela era muito linda, mas também tinha algo muito semelhante a ele: seu nariz!

Demorou para que ele criasse coragem de falar com a moça, mas um dia entrou na loja e acabou comprando um sapato que nem precisava só para convidá-la para sair.

Ela era simpática, tinha boa conversa e um olhar meigo por trás daquele narigão!

O primeiro beijo foi desconfortável, com choques inusitados entre os dois narigudos!

Mas havia uma química entre os dois, sem dúvida!

Como ele a garota também queria se casar e ter filhos.

Depois de um ano de namoro, resolveram se casar.

Tudo lindo, perfeito e os narizes sorridentes nas fotos!

Mas ela tinha medo de ficar grávida e ter um filho com aquele nariz!

Logo ela engravidou e começaram a se preocupar com o nariz do bebê!

Como será? Com a genética dos pais, o coitadinho não tinha uma segunda opção: seria narigudo!

Um sentimento de angustia envolvia os pais e familiares no momento do parto!

E o bebê nasceu!

Algo porém, não cheirou bem para o nariz do marido...

O menino era saudável, muito lindo e com o nariz perfeito, igualzinho do vizinho!

Essa é minha participação na 28ª edição sentimento do Projeto Suas Palavras com o tema: “Ser segunda opção”.

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