Lago represado

LAGO REPRESADO

( Anne Lieri)

Pela primeira vez ela chorou lágrimas disfarçadas.

Enxugou-as com as mãos para que não rolassem.

Sentiu sua alma aflita e aprisionada...

Mas segurou as emoções para que não aflorassem!

Queria ser como o rio caudaloso, sem freios...

Chorar alto e desabar a dor no peito!

Mas foi lago represado, cavalo com arreios,

Pois ele chegava e notaria seu jeito!    

Pelo canto do olho viu que se aproximava...

Sorriso lindo, rosto tranqüilo e inocente!

Por tudo que sentia e o tanto que o amava,

Deveria se calar e não se mostrar doente!

Os dias estavam contados, com certeza!

Mas ela não queria que ele sofresse...

Resolveu dizer mais tarde, com delicadeza

Talvez assim, ele compreendesse!     

O homem que amava em sua frente,

Sua face de menina tão sem graça...

Nunca mentira e, agora de repente

Teria que omitir sua desgraça!

Viveria alguns dias plenamente

Desfrutando a companhia do amado!

Depois, conversaria francamente

O destino ditou: “Tempo esgotado”!

Esse texto é a minha participação na 14ª edição imagem do “Projeto Suas Palavras”.

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