MISTÉRIO NO TREM
( Anne Lieri)
Naquela manhã Karla acordou atrasada, mas conseguiu pegar o trem das sete horas de todos os dias.
A chuva forte que caia transformou as ruas num verdadeiro lamaçal e esse foi um dos motivos de sua correria matinal.
O trem estava lotado com as caras conhecidas de sempre: o executivo, a estudante e o jovem tímido que a olhava de soslaio.
A viagem transcorria normalmente quando de repente ocorreu um flash de luz que cegou a todos!
O trem parou repentinamente e, ao abrir os olhos, Karla percebeu que haviam voltado á plataforma de embarque.
Porém, o que mais a assustou foi quando observou ao seu redor e constatou algo que a fez tremer da cabeça aos pés: todos haviam sumido!
Apenas ela restara naquele trem!
― Como pode ser? Acabamos de sair daqui!...
A plataforma estava vazia...
Um silêncio perturbador preenchia todo o ambiente.
Karla arriscou sair do veículo e procurar por alguma pessoa ao redor. Subiu as escadas e percebeu que o terminal também estava vazio. Nas ruas, não havia ninguém além dos carros abandonados,como se todos tivessem fugido ás pressas.
A chuva também havia parado.
Amedrontada, resolveu voltar á plataforma.
― Tem alguém aí?...Alô!....― gritou em vão.
Apenas escutou o eco de sua própria voz!
Resolveu voltar ao trem e qual não foi sua surpresa ao ver sentado num banco, outrora vazio, um homem.
― Ei, você aí...espere! ― gritou, correndo em direção a pessoa.
Quando se aproximou viu que se tratava do rapaz tímido que sempre a olhava no trem.
Sentou-se ao lado dele que parecia tranqüilo e nada dizia.
― Graças á Deus encontrei você!...Que aconteceu? Onde estão todos?
Entretanto para sua frustração, o moço não respondeu.
Ele apenas a olhou e ela notou que suas botas estavam sujas de lama.
Mas como,se até a chuva havia parado?
― Que foi? Fale comigo! Onde estão as pessoas do trem?
O rapaz dirigiu seu olhar para o relógio na estação.
Isso fez com que ela se virasse e olhasse também.
O relógio marcava sete horas.
Karla estranhou e comentou:
― Como isso é possível? Cheguei aqui ás sete...esse relógio deve estar parado!
Checou o próprio relógio em seu pulso e, misteriosamente ele também marcava o mesmo horário.
― Isso é loucura! Não pode estar acontecendo...
Inesperadamente o moço se levantou.
Andou alguns passos para a direita e, sem mencionar uma palavra, sumiu no espaço vazio...
Karla arrepiou-se dos pés a cabeça.
Ao olhar para o chão percebeu que ficaram apenas algumas pegadas da lama das botas do rapaz,que sumiam inexplicavelmente.
Resolveu caminhar atrás dele.
Era o único caminho se não quisesse permanecer sozinha.
Karla andou a passos lentos a príncipio, mas depois adiantou-se e entrou numa espécie de vácuo do tempo, onde só havia o nada !...
Ao abrir os olhos a estação estava novamente cheia.
Todos os rostos conhecidos,fazendo as mesmas coisas,como se nada tivesse acontecido!
Olhou para si mesma. Olhou para o relógio: sete horas!
O rapaz estava bem a sua frente e lhe estendeu a mão.
Ela aceitou completamente confusa.
Só conseguiu perguntar:
― O que aconteceu? Você voltou pra me buscar?
E o moço de olhar tímido respondeu laconicamente:
― Sim.
E eles foram pegar o trem novamente...
Essa é minha participação na 6ª edição imagem do Projeto Suas palavras.
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8 comentários:
Oi Anne, só posso dizer: que demais! rsss
Viajei agora também,muito legal sua participação
Beijos e bom dia pra ti!
Que cpoisa mais legal esse conto,Anne! Ficou DEZ!!!Tri criativo!Parabéns! beijos,tudo de bom,chica
Que lindo , menina! Adorei.Passei para te dizer que estou na final. Passa lá , conto com teu voto novamente.Estou com uns probleminhas e um pouco sem tempo, mas vamos á luta companheiros!
Beijos
Zelia
Quanta criatividade amiga!!
sua postagem ficou mil senti saudades de quando viajava de trem.
Linda tarde beijos meus,Evanir.
www.aviagem1.blogspot.com
Mas, misteriosamente... misterioso e cheio de suspense, este conto menina, adorei!
Linda participaçõa, parabéns. Bjs.
Oi,Anne!
Sua postagem,lembrou-me a música do Milton Nascimento,Chegadas e Partidas!
Aproveito para agradecer-lhe a visita e a interação,na homenagem de meu amigo Elcio,do blog Verseiro.
Deixo-lhe um abraço,cheio de boas energias!
bjs!
Mari
Anjo meu!
Vim matar as saudades e agradecer a tua compreensão com a minha falta de tempo.
Para que me perdoes, deixo um lindo poema:
Amigo Virtual
© Letícia Thompson
Vou abrir as portas
Do meu computador!
Entre!!!
Traga pra mim
Esse gostoso riso
Que nunca ecoa!
Conte pra mim
Suas velhas histórias,
Deixa que eu me deite
Em seus ombros invisíveis
E segure em suas mãos firmes!...
Não sei olhar em seus olhos,
Mas sei sentir seu olhar,
E suas palavras
Entram direitinho
No meu coração.
O mundo parece tão pequeno
Atrás dessa rede!
Ah! Você vem
E eu nem sei de onde,
Sem passaporte
Atravessa as fronteiras
Do limite do impossível,
Traz paz e consolo,
Uma palavra, um verso
E coloridas flores
Sem perfume,
Mas que são bálsamo
Para a alma!...
Vou abrir minha casa
Para que você entre!...
Tome um café com bolo,
Me conte de você,
Permita que eu ria seus risos,
E deixe que eu seque suas lágrimas,
Se preciso for.
Você não é apenas um nome
Que se esconde atrás de um arroba,
Você tem alma
E asas,
Como os verdadeiros anjos...
Você tem um "eu"
Que precisa e deve
Ser respeitado,
Que precisa e deve
Ser amado.
De virtual, na verdade,
Você não tem nada!!!
Claro!!!
Meu café não tem sabor
E meu bolo não é doce,
Quando virtual,
Mas meu carinho
E meu amor
São, nessa rede toda,
Tudo o que tenho de mais real.
Então...
Entre sem bater!!!
Sente-se!
Tem café, bolo
E minha amizade
Esperando por você
Atrás da tela
Desse meu computador.
Meu carinho,
ANJO SEDUTOR, SEDUZIDO, MALUQUINHO E REBELDE
Anne
Minha doce amiga que conto espetacular, maravilhoso que me fez aqui ler num fôlego só. Qur final brilhante.
Belíssima participação. Parabéns!!
Aproveito para feicitá-la pelo seu conto que foi selecionado no Concurso Contos Vida. Muito bom e gratificante estar junto com você participando deste livro.
Beijos e um bom domingo
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