sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um espírito acabou meu casamento







UM ESPÍRITO ACABOU MEU CASAMENTO
( Anne Lieri)




Foi numa linda tarde de verão que conheci Henrique.

Um homem bonito, viúvo há três anos e pai de duas belas meninas.

Não demoramos muito para engatar um namoro, visto que eu também estava sozinha depois do divórcio.

Ele era uma pessoa tranquila, reservada, um pouco ciumento mas  de bom caráter.

Com menos de dois anos já estávamos morando juntos, mas tudo começou quando me mudei para a casa dele.

Era uma casa antiga, herdada de seus avós, mas bem conservada.

O terreno grande ao redor de uma construção fortificada com três quartos, sala ampla, copa,cozinha e banheiro.

Ao entrar na casa senti um calafrio.

Me arrepiei dos pés a cabeça e, pensando ser o vento de outono,fechei as janelas.

Henrique sorriu dizendo que “eu era muito friorenta” e ao sair da sala, uma das janelas escancarou-se sozinha, o que só me fez ficar mais arrepiada.

Corri fechá-la novamente e olhei em volta verificando que não havia ninguém no jardim.
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Tratei de colocar a casa do meu jeito: clareando-a com novas cortinas bem leves, trocando o estofamento dos sofás, os quadros, alegrando o quarto das meninas com nova pintura e organizando a cozinha para ficar mais funcional.

Todos os dias varria ao redor da casa, pois o quintal era imenso e as folhas das árvores caiam sempre.

Plantei algumas novas mudas e fiz uma pequena horta de temperos que sempre gostei de ter por perto.

Havia porém, uma porta que entravava e eu não conseguia abrir: o porão.
Henrique dizia para eu não mexer, que ali só haviam velharias sem importância, mas uma mulher nunca iria deixar prá lá nenhum cantinho de sua casa nova.

Chamei um chaveiro que logo resolveu meu problema, abrindo a porta do porão deixando entrever uma névoa de poeira.

Henrique estava trabalhando e as meninas na escola.

Assim que o rapaz da chave se foi, coloquei minha roupa de faxina, peguei todos os apetrechos necessários e entrei no porão.

A luz ainda funcionava, de modo que a acendi e comecei a tirar todas as tralhas que encontrava e organizando-as num lado.

Era uma antiga máquina de escrever, um gramofone, um velho baú e alguns quadros com fotos dos avós de Henrique e um que me fez estremecer: uma linda moça de uns vinte e poucos anos,linda, morena, com um vestido decotado e segurando uma rosa vermelha.

Sem dúvida, se tratava da ex mulher de Henrique.

Por alguns instantes, fiquei em transe, observando a pintura.

Senti meu corpo formigar e perdi o controle dos meus movimentos, indo até o baú e abrindo-o encontrei o mesmo vestido que ela usava na foto.

Estava amarelado, mas não me importei.

Eu o vesti, automáticamente.

Sai para o jardim e ainda fora de mim caminhei pelo jardim, cuidando especialmente do canteiro de rosas vermelhas.

Não sei por quanto tempo caminhei.

Ao entrar no porão me sentei em frente a velha máquina de escrever, que ainda funcionava e datilografei uma longa carta sem saber o que estava escrevendo.

Quando terminei, voltei a mim e me surpreendi ao ver o vestido que usava e a carta que acabara de datilografar.

O que li me deixou apavorada, pois tinha uma vaga lembrança de que fora eu que escrevera aquilo, mas ao mesmo tempo, não era eu mas uma outra pessoa.

A revelação que ali estava me deixou pasma!

Meu marido havia matado a própria esposa num acesso de ciumes!

Foi quando ouvi o som do carro de Henrique que chegara.

Sem hesitar, subi e fui ao encontro dele que, surpreso, não compreendeu porque eu estava com aquela roupa.

_ O que aconteceu? Por que está com esse vestido?

_ Henrique, o fantasma da tua ex esteve comigo esta tarde e ela me revelou tudo que você fez a ela: está nesta carta.

Entreguei a ele o papel que atônito ele lia, sem acreditar.

Me encaminhei para o canteiro de rosas e disse:

_ Vou chamar a polícia para desenterrar o corpo...

E foi assim que um espírito acabou meu casamento!



Esta é minha participação na 114* edição conto/história do Projeto Bloinques com o tema:

O fantasma da tua ex.






12 comentários:

Jullio Machado disse...

Gostei.
Beijos!

Célia Gil disse...

Excelente participação! Uma história que realmente sucede repetidas vezes! Bjs e bom fim de semana.

chica disse...

Sensacional, fantástica tua participação! Que encontro,heim? Credo! Bota revelação nisso! Só podia acabar!!!rs beijos,chica e já ganhou! Já ganhou!!!

Everson Russo disse...

Um encontro forte,,,momentos tensos e frios,,,um cenário perfeito ao suspense,,,beijos de bom final de semana.

Fabio Baptista disse...

Teve sorte de não morrer junto! Deveria ter disfarçado e chamado a polícia escondida. Pensei que ia rolar uma perseguição no final.

Mas gostei! :D


Beijão.

Marcia M disse...

Anne muito boa a leitura fiquei presa ate o fim amei beijos minha querida!Bom fim de semana!

Luciana Santa Rita disse...

Anne,

Tudo bem, minha querida? mais uma vez você nos agracia com um conto maravilhoso que prendeu o meu olhar até a última palavra. Gostei da temática e o final foi revelador, pois achava que o fantasma estava com ciúme,o que seria normal.

Então, bom final de semana com toda benção do mundo.

Lu

Valéria disse...

Oi Anne!
Surpreendente sua história! Ela estava dormindo com o inimigo e graças a curiosidade que nos é peculiar descobriu tudo, ainda bem.rss
Beijinhos e um lindo fds!

Leninha Brandão disse...

Oi Anne!

Gostei demais...seu conto daria um filme,menina!

Bjssssss,
leninha

Edilene disse...

Muito bom , gostei muito. Beijos!

Anônimo disse...

Anne minha poetisa querida,

Agora que estou com minha casa em ordem, estou de volta.
Demorei para chegar, mas cheguei!!!....rsrsrssss.

Cheguei, e encontro esta Maravilha de conto que me arrepiou toda!
Minha querida, és muito inspirada....que dom Divinal, não me canso de falar!!!

Um grande beijo carinhoso em seu coração!!!

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Se a Globo te descobre, vira um seriado, amiga!!!
beijoooo!

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